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sábado, 23 de julho de 2011

UM PEDAÇO DA HISTÓRIA DE PALMEIRA D´OESTE/SP


Raul Reis, um dos pioneiros da nossa região, cidadão ilustre de Aparecida d´Oeste (SP), agricultor de rara cultura, músico e escritor , escreveu o livro “Aparecida d´Oeste e sua história” e mais de duzentos episódios de “estórias do sertão”, conjunto de rádio-novelas que já foram veiculadas em muitas rádios do Brasil no tempo em que a radiodifusão dominava absoluta.
“Aparecida d´Oeste e sua história” é uma obra embasada em depoimentos autênticos e documentos relacionados com a história da nossa região. Assim, revisando acontecimentos passados, da época do Brasil Império, Raul Reis, no capítulo “O grilo de terras” escreve sobre a Fazenda São José da Ponte Pensa, gleba de terra onde atualmente estão encravadas várias cidades de nossa região, inclusive Palmeira d´Oeste.

Hermenegildo José Ferreira

O GRILO DE TERRAS

...Contava-se, segundo os antigos conhecedores desta região, que na cidade de Batatais, aonde o avanço da civilização vinha penetrando pelo sertão adentro, mais ou menos na década de início do século, três espertalhões, entre eles um advogado: Mário Furquim, Odorico da Cunha Glória e Bernardino de Almeida depois de realizadas diversas reuniões, resolveram invadir terras que para eles por certo eram devolutas e se apoderaram das mesmas, iniciando assim o mais complicado comércio clandestino até hoje sabido. Mas para isso era preciso escolher um lugar onde não houvesse empecilho para negociações fraudulentas. Quero dizer, onde ninguém ainda tivesse feito exploração (a não serem os bandeirantes), e aí localizar a sua gleba.
Acontece que muitos anos antes quando a guerra do Paraguai estava no auge do seu andamento, lá pelo ano de 1868, aqui foi construído um forte que recebeu o nome de Palácio de D. Pedro, onde está como relíquia às margens do Rio Paraná em Itapura.
O exército brasileiro, descendo pelo Rio Tietê abaixo, atravessando a imensidão das águas do Rio Paraná, penetrava nas selvas mato-grossenses a fim de atingir Assunção via térrea, enquanto que o Almirante Barroso e Tamandaré subiam com a esquadra o Rio da Prata, com a idéia de por fim à guerra que terminou em 1870. Tudo isso é conhecido nas escolas como a Retirada de Laguna de Visconde de Taunay, um dos integrantes do nosso exército de infantaria.
Aqui começa o alicerce histórico da nossa região. Conta-se que um dos nossos heróis desse tempo, conhecido pelo nome de “Guia Lopes”, conhecedor de todos os recantos do Sul do Estado de Mato Grosso, pois ali nascera e fora criado, estabeleceu-se com seus pais num lugar denominado “Jardim”, tendo ali como propriedade sua, um pequeno pedaço de terra. Por ser conhecedor dos trilhos, dos picadões e das vazantes dos rios, se dispôs a conduzir pelos seus conhecimentos, nossas tropas até o Paraguai.
Por esse feito, reconhecendo seus méritos, o Imperador como gratificação, deu-lhe direito de propriedade em três glebas de terras. Duas no Estado do Mato Grosso e uma no Estado de São Paulo. Esta com o nome de Fazenda São José da Ponte Pensa, objeto desta história.
Estes documentos de direito possessórios adquiridos da mais alta autoridade do País se encontram lavrados em registro público no cartório da Cidade de Santana do Paranaíba (hoje simplesmente Paranaíba), ponto avançado do nosso exército naquele tempo. Apesar de tudo documentado legalmente, seus herdeiros, dispersando-se devido às circunstâncias financeiras, deixaram o tempo correr.
Ninguém sabe até hoje com certeza onde Mário Furquim, Odorico da Cunha Glória e Bernardino de Almeida conseguiram documentar-se e dizerem-se possuidores dessa imensa propriedade onde estão hoje encravadas as cidades de Rubinéia, Santa Fé do Sul, Três Fronteiras, Jales, Aparecidade d´Oeste, Santa Rita d´Oeste, Palmeira d´Oeste, Santa Albertina e muitas outras.
Na verdade há poucos anos, os herdeiros de Patrício Lopes, muitos deles residindo em Bom Sucesso, Estado de Minas Gerais, iniciaram uma ação judicial que muito provavelmente ficou encravada na “boca do tinteiro”.
Como disse: Mário Furquim, Odorico da Cunha Glória e Bernardino de Almeida constituíram-se verdadeiros donos desse terreno (220 mil alqueires mais ou menos). Após lotearem e venderem por diversas vezes, resolveu Bernardino de Almeida fazer separação da sociedade e iniciou uma ação junto ao fórum de São José do Rio Preto, conseguindo divisão judicial. Mas a verdade ficou provada que aqui nunca agrimensor algum pisou o pé naquela época. Um engenheiro em agrimensura de nome Henrique Duarte, em cima da mesa como diziam, nessa cidade de São José do Rio Preto, fez a demarcação e levou para julgamento no fórum local. De fato correu o processo normalmente. Não havendo contestação durante o tempo publicado, foi naturalmente julgada legal a divisão.
Supõe-se que os herdeiros de Patrício Lopes, ignorando, ou por falta de recursos ou por outros motivos quaisquer, não puderam se manifestar-se. Depois disso, eis que surge margem para mais vendas de terras, e com isso complicou mais a situação e.... Era uma vez uma Fazenda Patrício Lopes...

Raul Reis

Postado dia: 23/07/2.011

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